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Geração Z e o Mercado de Trabalho

A Geração Z, composta por jovens nascidos entre 1995 e 2010, é frequentemente retratada como uma geração conectada, imediatista, mimada e revolucionária no mercado de trabalho. Mas será que todas essas características são realmente precisas? A resposta é: Nem sempre. Embora os jovens da Geração Z sejam verdadeiramente digitais, há uma diversidade enorme dentro desse grupo. Nem todos são tech-savvy (conhecedores de tecnologia) ou têm uma mentalidade de startup. Na verdade, muitos preferem estabilidade e buscam segurança em suas carreiras.

Dados de pesquisas recentes mostram que cerca de 70% dos jovens da Gen Z valorizam a segurança no emprego acima de oportunidades de crescimento rápido. Isso desafia o estereótipo de que todos querem ser empreendedores ou que estão sempre em busca do próximo grande salto. Vamos mais a fundo.

Quando olhamos para esse grupo diverso da Geração Z, entendemos que nem todos têm as mesmas experiências ou expectativas. Fatores como background socioeconômico, idade, educação e contexto cultural podem influenciar significativamente suas perspectivas e comportamentos no trabalho. Eu arriscaria dizer que existem umas três gerações Z dentro da Geração Z.

Por exemplo, jovens de áreas urbanas podem ter mais acesso a tecnologias avançadas e oportunidades de networking, enquanto aqueles de áreas rurais ou cidades do interior podem enfrentar desafios diferentes. Jovens de famílias com menos poder aquisitivo são diferentes dos jovens de famílias de classe média. Enquanto o primeiro grupo estuda em escolas públicas e muitas vezes começa a trabalhar desde cedo nos mais variados programas de aprendizes, o segundo grupo tem uma agenda totalmente diferenciada que inclui, além da escola regular, diversos outros cursos como: línguas, natação, aula de violão, balé, entre outros. O fator tempo também é outro diferencial, pois temos os Gen Zers que chegaram junto com a internet, os que nasceram na virada do milênio, aqueles que chegaram junto com as redes sociais, além daqueles que começaram sua vida adulta/trabalho no período da pandemia.

Mas por que analisar esses fatores tão pessoais? Justamente porque precisamos entender de uma vez por todas que os Gen Zers são diferentes e levarão com eles todo esse histórico de criação e experiências para o ambiente de trabalho, impactando diretamente seu comportamento. Entender esses recortes e adaptar estratégias de integração e liderança é essencial para criar um ambiente inclusivo e acolhedor para todos, além de ajudar os líderes mais velhos a olhar para cada jovem de maneira única. Ficar repetindo que é uma geração perdida, que está pegando tudo pronto, não vai ajudar em nada; aliás, nós, pais, avós e responsáveis, precisamos assumir a nossa responsabilidade em todo este contexto, pois esta geração é fruto da nossa criação.

Explicada essa questão da individualidade e entendendo a nossa responsabilidade, não podemos deixar de olhar as pesquisas mais amplas, pois elas nos ajudam a entender algumas tendências que estão chegando para ficar: a valorização de ambientes diversos, flexibilidade, equilíbrio, cuidado com a saúde mental e valores éticos são alguns exemplos. E, isto não é uma prerrogativa só dos jovens, é um movimento que foi acentuado pela pandemia do Covid-19.

Os Gen Zers, passaram por muitos desafios durante a pandemia (nós todos na verdade), acompanharam de perto seus pais adoecerem por conta do trabalho em excesso ou pela falta de trabalho. Mesmo em cenários com pouco favoráveis, eles possuem muito mais acesso a informação e tecnologia que as gerações anteriores, então já é meio que esperado que eles tenham uma postura diferente no ambiente de trabalho. Quer um exemplo? Os jovens não ficam um minuto além do seu horário. Tem exceções? Sim, como tudo na vida, mas, em geral, eles sabem separar muito bem o pessoal do profissional, diferente das gerações passadas que se vangloriavam por trabalhar até dezesseis horas por dia e hoje estão sofrendo com estresse e burnout. Eles são menos tolerantes com situações de abusos em geral. Eles não se contentam apenas com um bom salário; querem saber se a empresa onde trabalham tem valores alinhados aos seus e se está comprometida com causas sociais e ambientais. De acordo com uma pesquisa da Deloitte, 77% dos jovens da Gen Z dizem que a missão da empresa é um fator importante na escolha de onde trabalhar.

O trabalho híbrido é importante, mas não é fator eliminatório se a empresa oferecer um ambiente de trabalho saudável. O híbrido para os jovens significa equilíbrio entre vida pessoal e profissional. As empresas que conseguirem entender isso e, na medida do possível, flexibilizar esses acessos beneficiarão não só os jovens, mas todo o time. Outra coisa simples e muito valorizada pelos jovens Gen Zers é quando a empresa oferece refeições no local; almoço e lanchinhos durante o dia. Se tiver um cantinho para a soneca de 20 minutos após o almoço, é o verdadeiro céu.

Já incorporados ao ambiente de trabalho, liderá-los pode ser desafiador, mas também extremamente recompensador. Eles respondem bem a líderes que são autênticos e que praticam a escuta ativa. Feedback constante é essencial — não apenas durante avaliações formais, mas como parte do dia a dia. Eles querem saber onde estão indo bem e onde podem melhorar, preferindo uma comunicação aberta e direta. Diferente das gerações anteriores, os jovens têm uma relação muito boa com o feedback, o que é maravilhoso para aqueles que tenham essa prática como líder.

Investir na educação profissional é outra chave para liderar eficazmente essa geração. Eles valorizam oportunidades de aprendizado contínuo e desenvolvimento de novas habilidades. São curiosos e não têm vergonha de dizer que não sabem ou que nunca vivenciaram determinada situação. Incentivá-los a participar de eventos, oferecer programas de mentoria e treinamentos pode ajudá-los a ficar ainda mais engajados com a empresa.

Outra coisa muito importante é o fato de que os jovens querem fazer a diferença no ambiente de trabalho. Não é que eles querem sentar na cadeira do CEO (alguns até querem), mas sim desenvolver atividades importantes, participar de reuniões e apreciam quando a sua opinião é solicitada. Infelizmente, ainda vemos organizações deixando os jovens de lado ao mesmo tempo em que exigem deles que vistam a camisa da empresa.

Uma outra perspectiva ainda olhando para o ambiente de trabalho, é o Gen Z ocupando posições de liderança, e sim, isto é totalmente possível. Lembra que falamos que nem todos os Gen Zers são iguais? Pois bem, muitos jovens da Geração Z possuem habilidades de liderança inatas ou desenvolvidas através de experiências acadêmicas e extracurriculares. Apesar do movimento “quiet ambition” (ambição silenciosa – falta de interesse em assumir cargos de liderança), muitos já ocupam posição de liderança ou são líderes de seus próprios negócios. Se você chegou até aqui e ainda não fez as contas, alguns jovens da geração Z já estão beirando os trinta, só pra constar.

  • Faça uma integração (onboarding) bem feita: Explique sobre o uso das ferramentas como e-mail e telefone. Se a empresa tem um código de vestimenta (dress code), deixe claro e reforce sempre que necessário.
  • Dê feedback constante, mas também peça feedback; isso vai ajudar a criar uma sintonia entre líder e liderado.
  • Dê treinamentos, inclua os jovens em cursos, ofereça uma mentoria direta e peça uma mentoria reversa.
  • Atribua atividades relevantes, explique o porquê das coisas e convide para eventos sociais.
  • Faça reuniões de alinhamento e reforce os combinados sempre que necessário.

É inegável que a Geração Z está trazendo uma nova dinâmica para o mercado de trabalho. Lembre-se de que eles chegaram ao mundo em plena bolha da internet. De lá para cá, o mundo deu um salto gigante tecnologicamente falando. É óbvio que essa geração carrega diferenças significativas em relação às outras. Situações desafiadoras poderão e irão aparecer no dia a dia dentro do ambiente de trabalho. Neste momento, uma liderança empática, autêntica, que se comunica abertamente, trará o balanceamento necessário para um ambiente geracional diverso que tanto pode contribuir para o desenvolvimento das organizações.

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